Somos instruídos constantemente, a partir da visão de empreendedorismo, a vender nosso melhor produto: nós mesmos. Conseguimos isso através de um bom marketing pessoal, que envolve networking, uma aparência conveniente, em alguns momentos o uso de palavras eloquentes e uma postura estritamente profissional.
Mas até onde esses aspectos nos ajudarão a conquistar novas oportunidades? Provavelmente, apenas nos primeiros 10 minutos de conversa com alguém. Você tem repertório para ir além disso?
Deixe-me explicar: se não houver repertório, toda a pompa contida na produção do look e no ensaio das palavras chiques vai por água abaixo. Sabe aquela sensação de pegar um pote de sorvete no congelador e, ao abrir, descobrir que é feijão? É exatamente assim quando descobrem que você não é essa coca toda.
Vivemos na sociedade do espetáculo: corpos perfeitos, vidas perfeitas, passeios incríveis, fotos extremamente produzidas para o Instagram, mil “contatinhos” no Whatsapp…Será que a vida real é isso mesmo? Se ao ler essa frase você teve a sensação de que não é bem assim, vai ficar chocado com o que eu vou te dizer: VOCÊ É UM SER HUMANO ASSIM COMO EU.
Naturalmente, somos inseridos nessa geração que é só brilho, alegria e purpurina e perdemos muito do nosso tempo querendo mostrar os pontos altos da nossa vida (os boletos ninguém mostra), ou vendo como a vida do outro é demasiadamente interessante.
E o que dessa vida imperfeita e normal temos vivido? Que tipo de repertório temos adquirido? Se tirassem de nós todo o glitter e euforia, o que sobraria? Será que nosso Marketing Pessoal realmente convenceria com o nosso EU, totalmente sem máscaras?
O repertório que precisamos para sermos pessoas realmente interessantes está nos livros que não lemos, nas revistas que não foleamos mais, nas músicas diferentes que não ouvimos. Vou além: o repertório que precisamos está naquela conversa que evitamos com o senhorzinho idoso carente que não para de falar. Está em parar por alguns minutos e brincar com o priminho chato de 6 anos que tem uma imaginação tão fértil que às vezes irrita.
O repertório que precisamos está em sorrir para um desconhecido na rua, fazer uma amizade sem interesses com alguém totalmente diferente de você. Obter repertório é abrir o seu mundo para outros mundos e eliminar o orgulho de pensar que já sabe o suficiente sobre qualquer assunto.
Adquirir repertório é viver esse lado da vida que geralmente ninguém quer mostrar, pois é na empatia e na vivência cotidiana do simples que cada um de nós se torna livre e entende que ninguém é tão bom assim que não possa melhorar.